O melhor de ser professor é ter contato diário com o pessoal que começa a estudar aquilo de que realmente gosta. Eles deixaram o Ensino Médio – com as matérias que são importantes mas na verdade não os interessavam – e agora entram no universo que livremente escolheram. Ingressaram na faculdade e, diferentemente de pouco tempo atrás, não precisaram da autorização dos pais para escolher a carreira. Aqueles que estudam moda com certeza não deixariam as famílias com os olhos cheios de lágrima imaginando o baile de formatura, como ocorria no passado. Hoje sabemos que nenhum curso é garantia de sucesso, seja profissional, de status ou financeiro. O talento e a estrada que cada um vai trilhar pode levar um designer a ser mais rico ou famoso que um médico. Ou não.
Se não há mais os preconceitos em estudar moda? Bem, não é exatamente assim. O maior “pré-conceito” começa com o próprio estudante que, muitas vezes, pensa apenas no glamour, nas páginas das revistas, no tapete vermelho e nas primeiras filas do desfile, imaginando que a carreira será um troca-troca de roupas e acessórios, espumantes e muita badalação.
Há também a ideia de que basta ter bom gosto para ser um designer de moda. Como em toda a formação escolar, é preciso gostar muito do que se quer para ser um dos melhores (a tão importante superação). Esse mesmo ânimo terá que persistir durante o estágio e também no primeiro, no segundo e em todos os trabalhos seguintes. Por isso, é preciso gostar mesmo do que se escolheu, para não ser tomado pela preguiça, nem ser fraco perante as pressões.
Há também o preconceito (de dentro e de fora) da moda como segmento feminino. Ninguém tem culpa. O homem, no século passado (com exceção de algumas rupturas nas últimas décadas), não teve muita coisa mesmo a ver com a moda. Então a ideia do designer de moda ainda tem haver com o antigo costureiro, o estereótipo do “ti-ti-ti”, ou a mulher “peruérrima”, cheia de grifes mas vazia de tudo. O garoto de 17 anos que decide estudar moda ainda hoje precisa ser seguro para não se aborrecer com os “caretas” nem tão pouco sentir necessidade de virar um pavão para ser aceito no meio.
Gosto mesmo de ver o movimento de um pátio com todo burburinho e os olhares atentos e entusiasmados dos alunos nas primeiras aulas. Sou professor há 16 anos – quase a idade dos alunos – e fiz essa opção pela vontade de repartir o que aprendi e dividir conhecimentos – uma via de duas mãos, porque obviamente sempre aprendo muito dentro da sala de aula. E gostaria muito de dizer a todos aqueles que estão começando agora esta carreira que desejo muito sucesso e, principalmente, que todos ganhem repertório suficiente para entender o que realmente pode significar a palavra sucesso.
Fonte: Matéria Retirada na Integra do site: http://modaspot.abril.com.br/colunistas/moda-e-generos/volta-as-aulas
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