O que é o luxo para você?
É algo muito especial, um sonho, um alvo. Você quer consumir determinado produto para pertencer a um grupo. Junta dinheiro para poder comprar seu objeto do desejo. Hoje, entretanto, o luxo assumiu outro valor para mim: luxury mesmo é ter tempo, pois a vida está muito corrida.
Como você explica o crescimento desse mercado aqui, no Brasil?
A população aumentou, muita gente mudou de status e quer consumir. Aquela famosa frase do Joãozinho Trinta – “Quem gosta de pobreza é intelectual” – é uma verdade. As pessoas querem ter um carro melhor, uma casa maior, conforto. Elas têm vontade de ter uma peça da Calvin Klein, da Hermès, da Chanel, assim como um Mercedes-Benz na garagem.
O que a brasileira mais consome da Calvin Klein?
Nas lojas do Brasil, jeans e underwear. A distribuição da coleção ainda é muito tímida por aqui. Pretendo, em cerca de dois ou três anos, aumentar o número de endereços no país e melhorar a oferta de peças. Já nas lojas dos Estados Unidos, as brasileiras compram muitos vestidos. As mulheres hoje amam usar a peça. Antes era casaquinho e calça, agora querem vestido. Acho ótimo. É prático, fácil de usar no verão e no inverno e sempre fica feminino.
Como você define o brazilian style?
Definitivamente, é muito sensual, muito livre. Há no país uma enorme sensualidade no ar. Pelo clima, pelo calor, poderia se pensar que é um estilo relaxado, mas não. Atualmente, a brasileira está se vestindo de maneira mais sofisticada e internacional.
Você costuma falar do Oscar de la Renta com muito carinho. No tempo em que trabalharam juntos, o que aprendeu com ele que carrega até hoje?
Oscar era uma pessoa especial, incrível de trabalhar. Para ele, a vida pessoal era tão importante quanto o trabalho – e conseguia conciliar os dois. O clima era muito bom no estúdio. Havia tempo de pensar em grupo e discutir. Isso nos dava confiança para fazer um trabalho de alto nível. Aprendi com ele a construir um vestido, a cortar uma roupa, escolher tecidos e, principalmente, usar cor. Achava pink cafona, e não sei por quê. Em Minas, havia uma economia de cor. Minha mãe e minha irmã só usavam branco, bege, preto e cinza. Com Oscar, vi que é possível fazer vestidos de festa coloridos, exuberantes e ultrafemininos.
Na Calvin Klein, você colocou um freio na cartela de cores?
Você aprende com seus trabalhos. A Calvin Klein é uma marca precisa, tem uma simplicidade e uma enorme sofisticação ao mesmo tempo. Meu trabalho lá é em cima disso. Usamos cor, claro, mas não há essa fome de cores e estampas. Compensamos com os cortes precisos e os tecidos impecáveis. Acho que a mulher Calvin Klein é sóbria e usa cores em momentos especiais.
Você tem um lado forte de relações públicas. Como é seu trabalho com as celebridades?
Depende da mulher e da situação. Com Michelle Obama, por exemplo, costumo mandar peças que sei que combinam com o estilo dela. Já para ocasiões específicas, como o Oscar e o Globo de Ouro, as atrizes vêm até o nosso ateliê, pois precisamos fazer várias provas. Temos um espaço só para cuidar dessas peças. Essa exposição gera uma divulgação e uma visibilidade gigantes, que, posteriormente, se transformam em dinheiro. É free advertisement.
E a Kate Middleton? É verdade que gostaria de vesti-la?
Gostaria, sim. Ela tem o corpo magro e atlético, além de um rosto incrível e um sorriso lindo. Olho para Kate e vejo uma mulher dinâmica.
Em que tipo de mulher você pensa quando cria?
Em uma pessoa independente, livre, dinâmica, urbana e forte. Vestir Calvin Klein faz parte de um lifestyle muito específico. É uma mulher que conhece bem seu próprio corpo.
Você tem algum projeto que inclua o fast fashion?
Tenho plano sim, mas não posso falar agora. Vai acontecer logo, logo, mas não posso adiantar mais nada. Talvez se estenda para o Brasil.
A sua cidade natal, Guarani, também é uma fonte de inspiração? O que você mais gosta de fazer quando vai para lá?
O passatempo é ir para a serra, para a cachoeira e curtir o silêncio. Às vezes, me animo e vou de bicicleta. Da última vez, foram 25 km pedalando. Também mato saudade do arroz, do feijão, do picadinho, da comida simples. Como muito salgadinho, pão de queijo e os doces incríveis que minha irmã prepara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário